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Pharmácia de Serviço

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A ler… Indispensável e esclarecedor…


Estou farto do choradinho dos desgraçadinhos dos gregos, de José Manuel Fernandes, no Observador

O primeiro mito é que a Grécia de hoje é a herdeira da Grécia da Antiguidade, a Grécia que devemos a nossa civilização e que inspirou a nossa democracia.
Esta ideia só muito parcialmente é verdadeira. A cultura grega clássica nasceu e cresceu numa região muito mais vasta do que a da Grécia actual

A Grécia moderna tem menos de dois séculos, pois antes o seu território estava sob domínio otomano. Quando o país foi criado, havia uma tão radical ausência de ligação ao passado que foi preciso inventar uma família real. O nosso D. Pedro IV chegou a ser convidado para ser o primeiro rei da nova Grécia independente, mas como recusou o trono acabou por ser entregue a Oto da Baviera, filho de Luís I. Estávamos em 1832 e ele tinha apenas 18 anos.
A Grécia que hoje conhecemos nasceu assim por vontade das grandes potências europeias – Reino Unido, França e Rússia –, que a criaram na Conferência de Londres. Tudo para, algumas décadas passadas, voltar a perder a soberania, já que o país declarou bancarrota em 1883 (três anos depois de Portugal) e foi obrigado a ficar sob a tutela dos credores.

A história lá prosseguiu, com momentos de glória e de tragédia, mais uma bancarrota em 1932, mas sempre com um traço distintivo, bem definido pelo historiador grego Nicolas Bloudanis: “na Grécia o Estado só funciona de forma intermitente”.

Foi este país que em 1974 saiu, tal como nós, de uma ditadura, mas que, ao contrário de nós, beneficiou desde o primeiro momento de uma espécie de “via rápida” para a adesão à então CEE. Alguns líderes dessa época, como o presidente francês Giscard d’Estaing, achavam que a Europa não seria Europa sem uma Grécia que viam como genuína herdeira da Grécia da Antiguidade Clássica. Foi ilusão que durou pouco tempo: fazendo jus à sua real natureza de país entre o balcânico e o levantino, a Grécia logo tratou de se opor à entrada de Portugal e Espanha, ameaçando com um veto que só foi ultrapassado quando Bruxelas enviou ainda mais dinheiro para Atenas. Um país solidário, portanto.

Os gregos sempre actuaram de acordo com uma cultura política que pouco ou nada tem a ver com a da Europa Ocidental e, se algum erro maior fez a Europa, esse erro foi permitir a sua adesão à moeda única, fechando os olhos a todas as evidências e ao mais elementar bom-senso. De facto não deve haver em nenhum outro país do euro hábitos políticos tão clientelares e nepotistas como os da Grécia.

na Grécia “não se votava por ideologia” – até porque verdadeiramente esses dois partidos pouco se diferenciam ideologicamente –, votava-se em função dos benefícios materiais (e dos empregos) que podiam ser distribuídos. O que nem sequer é demasiado estranho, pois se apesar de tudo os gregos não foram totalmente absorvidos pelos otomanos isso deveu-se à sua fidelidade a duas velhas tradições culturais: a rouspheti, ou dispensa recíproca de favores e de protecções, e a mesa, ou rede de contactos e conhecimentos. O terreno era pois propício ao suborno e à cunha.

Enquanto isto, não se pagavam impostos. Mais uma vez é famosa a história de os serviços tributários utilizarem helicópteros para localizarem as casas com piscinas para poderem cobrar a respectiva contribuição, mas é menos conhecido o facto de não existir na Grécia um registo cadastral minimamente funcional que permitisse, por exemplo, calcular um imposto equivalente ao IMI. Foi para tornear esse problema que esse imposto começou a ser cobrado com a conta da electricidade, uma decisão tomada no tempo da troika e que levou ao incumprimento e ao corte da luz a centenas de milhares de gregos.

Não há dúvida que quando a troika chegou a Atenas cometeu muitos erros de abordagem, alguns dos quais até corrigiria depois na Irlanda e em Portugal. …
Mas essa é só uma parte da história. A outra é que nunca, desde a primeira hora, o governo grego, os políticos gregos, fizeram um real esforço para reformarem o seu país. Começavam sempre por dizer que “não é possível”, “não vai funcionar”, acabavam por ceder depois de culparem a Alemanha, e a seguir arrastavam os pés. No princípio chegou a acontecer ter havido um acordo para reduzir os salários dos funcionários públicos, uma condição imposta para a Grécia conseguir os primeiros empréstimos, a lei ter saído e depois, nas costas do ministro das Finanças, vários membros do Governo terem criado criaram novos suplementos remuneratórios que repunham os vencimentos anteriores. Muitas leis exigidas nos acordos também foram rapidamente aprovadas no parlamento para depois ficarem meses ou anos à espera dos decretos regulamentares. Para ver a ineficiência com que o programa foi aplicado basta lembrar que com dois resgates, mais quase dois anos de troika do que nós e um sector público muito maior do que o nosso, as receitas das privatizações gregas nem chegam a ser metade das conseguidas no nosso país.

Resta o argumento final: a dívida não é sustentável, pelo que a Grécia precisa ainda de mais ajuda (mais dinheiro) da Europa. Mais uma vez estamos perante uma “verdade mediática” que lida mal com a realidade dos factos. Primeiro, porque nenhum outro país do grupo dos que foram resgatados beneficiou até hoje de um perdão de dívida como a Grécia já teve. Foi em 2012, representou cerca de metade da dívida que estava então em mãos de privados e tirou do deve e haver da Grécia 100 mil milhões de euros, uma quantia que, se fossemos nós os beneficiados, nos aliviaria de muitas das nossas aflições. Nessa operação dois bancos portugueses, o BCP e o BPI, perderam 590 milhões de euros, dinheiro que fez muita falta ao financiamento da nossa economia.
Mas o ponto principal nem sequer é esse. A Grécia já tem condições muito melhores do que Portugal ou a Irlanda – prazos mais dilatados, melhores juros, carência no pagamento desses juros. O resultado é que enquanto nós, com uma dívida proporcionalmente muito mais baixa (127% do PIB contra 180%), pagamos o equivalente a 5% do PIB em juros, a Grécia pagará entre 2,5% e 3,6%. Ou seja, a dívida grega é maior mas pesa-lhes menos. E isso é que conta. Mais: não somos só nós que, proporcionalmente, suportamos uma carga de juros superior à dos gregos, os italianos e os irlandeses também estão na mesma situação.

É por estas e por outras – e por tudo o que distancia a Grécia de ser um país capaz de cumprir com as regras de uma união monetária – que não vejo forma de esta não voltar ao dracma, mas cedo ou mais tarde. Sendo que nestas coisas mais cedo costuma ser melhor do que mais tarde.
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